quarta-feira, 3 de março de 2010

Princípios e Sugestões para a gestão do currículo do 1º ciclo:

Tempo de trabalho semanal: 8 horas, incluindo uma hora diária para a leitura

O objectivo central do ensino da Língua Portuguesa no 1º ciclo é o desenvolvimento do domínio da oralidade e a aprendizagem da decifração e do uso da língua escrita para comunicar e para aprender.
No que respeita ao desenvolvimento da oralidade, deverão ser realizadas actividades de enriquecimento e alargamento do vocabulário e de desenvolvimento da complexidade discursiva, factores determinantes no nível de compreensão e de expressão dos alunos. Considera-se da máxima importância a utilização de estratégias pedagógicas que envolvam a descrição de situações vividas ou observadas pelas crianças, o planeamento de acções a realizar, a dramatização e recontos orais, a prática intencional de exercícios que visem a adequação do discurso ao interlocutor, à situação e ao meio de comunicação.
A aprendizagem da leitura e da expressão escrita constituem um domínio central no currículo escolar. O sucesso individual da aprendizagem da língua escrita resulta da confluência de diversos factores, nomeadamente da vontade de a criança aprender a ler e escrever, dos seus conhecimentos e interesses sobre o mundo, do domínio que possui da língua oral e, em termos técnicos, da capacidade para isolar e identificar os sons da língua e realizar a correspondência entre esses sons e a sua representação gráfica (as letras). O ensino formal da leitura e da expressão escrita deverá, por isso, visar o desenvolvimento das vertentes atrás enunciadas.
A rotina diária de leitura, realizada pelo professor na sala de aula, de textos narrativos, informativos, dramáticos e poéticos actua simultaneamente na motivação das crianças para aprender a ler, no desenvolvimento da oralidade e no acréscimo de conhecimentos sobre o mundo e a vida. Qualquer metodologia de ensino da leitura deverá contemplar actividades de leitura real e significativa para as crianças, e não meros exercícios repetitivos de sílabas ou palavras que anulem o prazer de aceder ao significado. Durante a fase inicial de aprendizagem da decifração, é importante integrar estratégias que promovam nos alunos a consciência dos sons da língua, estratégicas fónicas de correspondência som/letra e estratégias que visem o reconhecimento global de palavras.
À medida que o processo de decifração se consolida e a automatização se instala, permitindo rapidez e precisão na descodificação, o ensino deverá integrar a aprendizagem de estratégias de extracção de significado de material escrito de complexidade crescente. A prática de leitura deverá alargar-se a tipos de textos variados, a obras integrais e a finalidades de leitura diversificadas. Torna-se, portanto, imprescindível que a prática de leitura extravase a sala de aula e a escola. O envolvimento da família e a fruição de recursos existentes na comunidade (bibliotecas, ATLs, associações) são meios valiosos para a criação de hábitos de leitura nas crianças.
O ensino da expressão escrita deverá contemplar aspectos de cariz técnico (gráfico e ortográfico) e de cariz compositivo ou textual. Para o desenvolvimento da dimensão gráfica, é importante realizar actividades de destreza e de precisão caligráfica e de prática de escrita num teclado. Uma particular importância deverá ser concedida ao ensino da ortografia com vista à interiorização e automatização das regras ortográficas. A produção de textos pela criança deverá incluir diferentes modalidades de escrita: escritos expressivos (poemas, histórias); escritos para comunicar algo a alguém (cartas, recados, pedidos, relato de experiências vividas ou planeadas); escritos para aprender (síntese de conhecimentos, resumos; esquemas com legendas) e deverá integrar momentos próprios para ensino do planeamento da escrita e da revisão e melhoramento textual nas suas múltiplas dimensões (correcção ortográfica, pontuação, translineação, diversificação vocabular, encadeamento das frases, coesão global).
O ensino do funcionamento da língua materna, visando o conhecimento de paradigmas flexionais e de regras gramaticais básicas, deverá alicerçar-se no desenvolvimento da consciência linguística e assumir uma função instrumental na aprendizagem da leitura e da expressão escrita.

in: www.dgidc.min-edu.pt/basico/Documents/principios_sugestoes_EM.doc Acesso em 3/03/10

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